Treino de Pré-exaustão: funciona ou atrapalha seus resultados?

Você já iniciou o supino reto com os peitorais já fatigados por um crucifixo? Essa é a ideia por trás do treino de pré-exaustão, uma técnica antiga, mas ainda muito usada por fisiculturistas e atletas avançados. A proposta parece lógica: cansar primeiro o músculo principal para garantir que ele trabalhe mais no exercício composto. Contudo, será que essa estratégia realmente melhora os resultados?

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Neste texto, vamos destrinchar a técnica, analisar o que a ciência tem dito sobre ela e entender quando pode — ou não — fazer sentido usá-la.

O que é o treino de pré-exaustão?

Pré-exaustão é quando você realiza um exercício isolado para um músculo-alvo (como o crucifixo para o peitoral), e em seguida parte para um exercício composto que também o recrute (como o supino reto). A ideia é pré-fadigar o músculo principal, forçando-o a trabalhar mais, mesmo quando os músculos auxiliares ainda estiverem “frescos”.

A técnica ganhou popularidade como uma maneira de contornar limitações nos exercícios compostos, onde músculos secundários como ombros ou tríceps podem falhar antes do músculo que se pretende focar.

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A teoria é boa, mas e na prática?

Banco de musculação com halteres hexagonais pretos, garrafa de água e toalha, ao lado de uma cadeira extensora em fundo de academia bem iluminada
O treino de pré-exaustão consiste em realizar primeiro exercícios isolados, como cadeira extensora ou crucifixo, antes dos compostos — isso ajuda a recrutar fibras musculares de forma mais intensa e estratégica.

Algumas pesquisas vêm desafiando a ideia de que a pré-exaustão seja superior.

Um estudo publicado em 2022 observou que, ao comparar sessões com e sem pré-exaustão, não houve aumento na ativação do músculo principal. Em alguns casos, houve até queda no desempenho geral.

Outra pesquisa de 2014 confirmou essa tendência: embora a percepção de esforço aumente (ou seja, parece mais difícil), o volume de trabalho — número total de repetições e carga movimentada — tende a ser menor.

Estudos adicionais reforçam que treinar sem essa técnica geralmente permite um treino mais volumoso e eficiente para hipertrofia.

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Quando a pré-exaustão pode ser útil?

Apesar das limitações, a técnica pode ter seu valor em contextos específicos. Por exemplo:

  • Conexão mente-músculo: quando o praticante tem dificuldade em sentir o músculo trabalhar, a pré-exaustão pode ajudar na ativação consciente.
  • Quebra de platôs: usada pontualmente, pode ser um estímulo diferente para sair da estagnação.
  • Fim de ciclo de treino: quando o foco é variar estímulos e não manter necessariamente o maior volume possível.

Nesses casos, ela deve ser aplicada com critério, em exercícios mais simples, com boa execução e controle.

Quando evitar

A pré-exaustão não é indicada para qualquer situação. Deve-se evitar:

  • Em exercícios compostos com alta exigência técnica, como levantamento terra ou agachamento livre.
  • Em todas as séries de um treino — o uso excessivo compromete a qualidade e a recuperação.
  • Para iniciantes, que ainda estão construindo base técnica e força.

Dicas para aplicar com segurança

Se for experimentar, tenha em mente algumas boas práticas:

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  • Escolha exercícios seguros e fáceis de controlar.
  • Use a técnica apenas em uma ou duas combinações do treino.
  • Dê atenção redobrada à execução após a pré-fadiga.

Exemplos comuns incluem:

  • Crucifixo antes do supino reto
  • Cadeira extensora antes do agachamento hack
  • Tríceps testa antes das paralelas

Leia também: Repetições forçadas valem a pena? O que a ciência e a prática mostram

O veredito

O treino de pré-exaustão não é uma técnica milagrosa, nem deve ser usada o tempo todo. Geralmente, ele não gera aumento significativo de ativação muscular e pode reduzir o volume total do treino.

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Em momentos estratégicos — como para desenvolver conexão com o músculo ou introduzir uma variação de estímulo — pode ser uma ferramenta válida. O segredo está no contexto, na moderação e no bom senso de aplicação.

Fontes consultadas

  1. BARBEND. Is Pre-Exhaustion Overrated? Disponível em: https://barbend.com/pre-exhaustion-overrated-study/. Acesso em: 2 mai. 2025.
  2. NUNEZ, J. et al. The effects of pre-exhaustion on performance and muscle activation. J Strength Cond Res. 2022. Disponível em: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC9022698/. Acesso em: 2 mai. 2025.
  3. BREDA, L. et al. Influence of pre-exhaustion on resistance training performance. Appl Physiol Nutr Metab. 2014. Disponível em: https://cdnsciencepub.com/doi/abs/10.1139/apnm-2014-0162. Acesso em: 2 mai. 2025.
  4. ATHLEAN-X. Pré-Exaustão Funciona? YouTube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=4In4Dl9Dlo4. Acesso em: 2 mai. 2025.

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